quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

UTOPIAS

QUERIA UM MAR SÓ PRA MIM
UM CÉU AZUL
O ENTARDecER
O POR-SOL-SOL
E QUANDO CHEGASSE A NOITE
A LUA SEMPRE CHEIA
AS ESTRELAS BRILHANDO
E EU SÁISSE CORRENDO
NAS AREIAS DO MESMO DIA QUE FOI CLARO
NAQUELA IMENSIDÃO DO MAR
E CHEGASSE ATÉ ALI
ENCONTRASSE VOCÊ
ANSIOSO PELA MINHA PRESENÇA
PARA JUNTOS ASSISTIRMOS
AO LINDO ESPETÁCULO :
O NASCER DO SOL
COM OS PÁSSAROS VOANDO E CANTANDO
ÁGUA DE COCO PARA BEBER
E UMA REDE PRA DORMIR
SO NÃO QUERIA ACORDAR
E PERCEBER
QUE TUDO FOI UM SONHO
UMA UTOPIA!!!
QUEM SABE NUM TEREI ISSO POR PELO MENOS UM DIA!
ESPERO!

Ate quando... Até agora

Quando a tristeza invade o coração

Quando as lagrimas inundam os olhos

Quando o dia amanhece cinzento

Quando a vida parece um tormento

Quando já não há mais razão

Quando é grande o sofrimento

Quando... Até quando...

Até quando teremos que suportar a angustia

Até quando a tristeza vai permanecer

Ate quando...

Até quando a alegria chegar...

Quando percebemos a felicidade nas pequenas coisas...

Quando deixar de da valor as coisas materiais...

Quando deixarmos de ser medíocres!!


SONHOS

Ter um sonho perdido
Ou me perder ao realizá-lo.
Seguir o caminho
Como as folhas ao vento
Viver frustrado
Mas não desistir
Ter como meta o meu sonho
Mesmo sabendo o risco de chegar lá
Posso me decepcionar
Mas queria saber o gosto de realizar...
Desistir não é um verbo aceito em minha lista
Tentar... Lutar...
Mas o verbo Cansar às vezes parece maior!!
Será que algum dia vou poder experimentar
A doçura de me realizar?
Posso estar enganada
Posso me arrepender
Mas prefiro saber que conseguir
Do que nunca conhecer o sabor
Da vitória que sempre quis conquistar!!!
Acredito que sou capaz!!!!
Mas será que deveria acreditar???

sábado, 21 de novembro de 2009

NOSTALGIAS

SENTI SAUDADES DAS COISAS SIMPLES
DOS MOMENTOS ÚNICOS
DA ALEGRIA EFÊMERA
ETERNIZADOS NA MEMÓRIA
REVIVIDOS POR LEMBRANÇAS...

QUÃO AGRADÁVEL
É FECHAR OS OLHOS
E REVIVER ESSES INSTANTES...
ÚNICOS,
INIGUALÁVEIS!

O GALO CANTANDO
PARA ANUNCIAR
MAIS UM PRESENTE DE DEUS,
O NASCER DE UM NOVO DIA!
UMA NOVA PÁGINA DA VIDA!

O MUGIR DA VACA
E O DESPERTADOR TOCANDO,
HORA DE LEVANTAR.

O CAFÉ POSTO NA MESA
O DIA CLAREANDO.
CORRER ATRAS DOS SONHOS,
SAIR PARA ESTUDAR.

JÁ COM A TERRA AQUECIDA
VOLTAR PRA CASA,
ALMOÇO PRONTO,
OS PÁSSAROS EM BUSCA DE SOMBRA,
E ALGUEM SAINDO PARA TRABALHAR...

AO ENTARDECER UMA BICICLETA
ERA AVISTADA,
CORAÇÃO PULSANDO FORTE,
A VOLTAR ELA JÁ ESTAVA!

UM PACOTE DE BOLACHA,
PEQUENOS DOCES,
E ALEGRIA RETOMADA NA CASA!

ANOITECEU,
O BOTIJÃO ACABOU,
É HORA DE DORMIR...

E ASSIM O GALO CANTOU...
MAIS UMA VEZ....

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

APRENDENDO COM A VIDA...

Aprendi que posso estar sozinha,
mas não posso viver só.
Aprendi que se eu escolher a vingança,
vou sofrer uma vez mais,
e é o perdão que nos traz a paz!
Aprendi a valorizar as coisas antes de perder,
e que nas dificuldades eu me supero.
Enxerguei que o amor é o maior dos sentimentos,
so ele pode transformar em alegria os nossos piores momentos.
Aprendi que não basta apenas sonhar e esperar,
é necessário ter força pra lutar.
Aprendi que falar a verdade machuca,
mas dói de uma vez só.
Aprendi a sobretudo a compreender a simplicidade da vida,
a enxergar a felicidade nas pequenas coisas,
Compreendi que nem todas as lágrimas são verdadeiras,
nem todos os sorrisos sinceros,
nem todo colega é amigo,
e que os amigos de verdade são leais.
Aprendi ainda que,
por mais que o tempo passe,
Aprendi que, ainda não aprendi.
Aprendi que falta muito para aprender.
E só com o tempo aprenderei :
a superar dificuldades,
encarar a realidade... e que por mais alto que eu esteja
eu posso cair,
e nessa queda voltar com mais força...
E aprender que EU POSSO IR MAIS ALTO!

"Mayara"

Coisas da vida...

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

LER DEVIA SER PROIBIDO

A pensar fundo na questão, eu diria que ler devia ser proibido.
Afinal de contas, ler faz muito mal às pessoas: acorda os homens para realidades impossíveis, tornando-os incapazes de suportar o mundo insosso e ordinário em que vivem. A leitura induz à loucura, desloca o homem do humilde lugar que lhe fora destinado no corpo social. Não me deixam mentir os exemplos de Don Quixote e Madame Bovary. O primeiro, coitado, de tanto ler aventuras de cavalheiros que jamais existiram meteu-se pelo mundo afora, a crer-se capaz de reformar o mundo, quilha de ossos que mal sustinha a si e ao pobre Rocinante. Quanto à pobre Emma Bovary, tomou-se esposa inútil para fofocas e bordados, perdendo-se em delírios sobre bailes e amores cortesãos.
Ler realmente não faz bem. A criança que lê pode se tornar um adulto perigoso, inconformado com os problemas do mundo, induzido a crer que tudo pode ser de outra forma. Afinal de contas, a leitura desenvolve um poder incontrolável. Liberta o homem excessivamente. Sem a leitura, ele morreria feliz, ignorante dos grilhões que o encerram. Sem a leitura, ainda, estaria mais afeito à realidade quotidiana, se dedicaria ao trabalho com afinco, sem procurar enriquecê-la com cabriolas da imaginação.
Sem ler, o homem jamais saberia a extensão do prazer. Não experimentaria nunca o sumo Bem de Aristóteles: o conhecer. Mas para que conhecer se, na maior parte dos casos, o que necessita é apenas executar ordens? Se o que deve, enfim, é fazer o que dele esperam e nada mais?
Ler pode provocar o inesperado. Pode fazer com que o homem crie atalhos para caminhos que devem, necessariamente, ser longos. Ler pode gerar a invenção. Pode estimular a imaginação de forma a levar o ser humano além do que lhe é devido.
Além disso, os livros estimulam o sonho, a imaginação, a fantasia. Nos transportam a paraísos misteriosos, nos fazem enxergar unicórnios azuis e palácios de cristal. Nos fazem acreditar que a vida é mais do que um punhado de pó em movimento. Que há algo a descobrir. Há horizontes para além das montanhas, há estrelas por trás das nuvens. Estrelas jamais percebidas. É preciso desconfiar desse pendor para o absurdo que nos impede de aceitar nossas realidades cruas.
Não, não dêem mais livros às escolas. Pais, não leiam para os seus filhos, pode levá-los a desenvolver esse gosto pela aventura e pela descoberta que fez do homem um animal diferente. Antes estivesse ainda a passear de quatro patas, sem noção de progresso e civilização, mas tampouco sem conhecer guerras, destruição, violência. Professores, não contem histórias, pode estimular um curiosidade indesejável em seres que a vida destinou para a repetição e para o trabalho duro.
Ler pode ser um problema, pode gerar seres humanos conscientes demais dos seus direitos políticos em um mundo administrado, onde ser livre não passa de uma ficção sem nenhuma verossimilhança. Seria impossível controlar e organizar a sociedade se todos os seres humanos soubessem o que desejam. Se todos se pusessem a articular bem suas demandas, a fincar sua posição no mundo, a fazer dos discursos os instrumentos de conquista de sua liberdade.
O mundo já vai por um bom caminho. Cada vez mais as pessoas lêem por razões utilitárias: para compreender formulários, contratos, bulas de remédio, projetos, manuais etc. Observem as filas, um dos pequenos cancros da civilização contemporânea. Bastaria um livro para que todos se vissem magicamente transportados para outras dimensões, menos incômodas. E esse o tapete mágico, o pó de pirlimpimpim, a máquina do tempo. Para o homem que lê, não há fronteiras, não há cortes, prisões tampouco. O que é mais subversivo do que a leitura?
É preciso compreender que ler para se enriquecer culturalmente ou para se divertir deve ser um privilégio concedido apenas a alguns, jamais àqueles que desenvolvem trabalhos práticos ou manuais. Seja em filas, em metrôs, ou no silêncio da alcova... Ler deve ser coisa rara, não para qualquer um.
Afinal de contas, a leitura é um poder, e o poder é para poucos.
Para obedecer não é preciso enxergar, o silêncio é a linguagem da submissão. Para executar ordens, a palavra é inútil.
Além disso, a leitura promove a comunicação de dores, alegrias, tantos outros sentimentos... A leitura é obscena. Expõe o íntimo, torna coletivo o individual e público, o secreto, o próprio. A leitura ameaça os indivíduos, porque os faz identificar sua história a outras histórias. Torna-os capazes de compreender e aceitar o mundo do Outro. Sim, a leitura devia ser proibida.
Ler pode tornar o homem perigosamente humano.


In: PRADO, J. & CONDINI, P. (Orgs.). A formação do leitor: pontos de vista. Rio de Janeiro: Argus, 1999. pp.71-3.

sábado, 31 de outubro de 2009

PÁSSARO ENCANTADO


Era uma vez uma menina que tinha como seu melhor amigo, um Pássaro Encantado. Ele era encantado por duas razões. Primeiro porque ele não vivia em gaiolas. Vivia solto. Vinha quando queria. Vinha porque amava. Segundo, porque sempre que voltava suas penas tinham cores diferentes, as cores dos lugares por onde tinha voado. Certa vez voltou com penas imaculadamente brancas, e ele contou estórias de montanhas cobertas de neve. Outra vez suas penas estavam vermelhas, e ele contou estórias de desertos incendiados pelo sol. Era grande a felicidade quando estavam juntos. Mas sempre chegava o momento quando o pássaro dizia: "Tenho de partir." A menina chorava e implorava: "Por favor não vá fico tão triste. Terei saudades e vou chorar..."

"Eu também terei saudades", dizia o pássaro. "Eu também vou chorar. Mas vou lhe contar um segredo: eu só sou encantado por causa da saudade que faz com que as minhas penas fiquem bonitas. Se eu não for não haverá saudade. E eu deixarei de ser o Pássaro Encantado e você deixará de me amar."

E partia. A menina sozinha, chorava. E foi numa noite de saudade que ela teve a idéia: "Se o Pássaro não puder partir, ele ficará. Se ele ficar, seremos felizes para sempre. E para ele não partir basta que eu o prenda numa gaiola."

Assim aconteceu. A menina comprou uma gaiola de prata, a mais linda.

Quando o pássaro voltou eles se abraçaram, ele contou estórias e adormeceu. A menina, aproveitando-se do seu sono, o engaiolou. Quando o pássaro acordou ele deu um grito de dor.

"Ah! Menina...que é isso que você fez? Quebrou-se o encanto. Minhas penas ficarão feias e eu me esquecerei das estórias. Sem a saudade o amor irá embora..."

A menina não acreditou. Pensou que ele acabaria por acostumar.

Mas não foi isso que aconteceu. Caíram suas plumas e o penacho. Os vermelhos, os verdes e os azuis das penas transformaram-se num cinzento triste. E veio o silêncio: deixou de cantar. Também a menina se entristeceu.

Não era aquele o pássaro que ela amava. E de noite chorava pensando naquilo que havia feito com seu amigo...

Até que não mais agüentou. Abriu a porta da gaiola. "Pode ir, Pássaro", ela disse." Volte quando você quiser..."

"Obrigado, menina", disse o Pássaro. "Irei e voltarei quando ficar encantado de novo. E você sabe: ficarei encantado de novo, quando a saudade voltar dentro de mim e dentro de você!


Rubem Alves

Poema

Procuro despir-me do que aprendi.
Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram,
e raspar a tinta com que me pintaram os sentidos,
Desencaixotar minhas emoções verdadeiras.
Desembrulhar-me e ser eu, não Alberto Caeiro,
mas um animal humano que a natureza produziu.
Mas isso (triste de nós que trazemos a alma vestida!),
isso exige um estudo profundo,
uma aprendizagem de desaprender...

Alberto Caeiro

BAGUNÇA


Você me pergunta sobre o que fazer para curar-se de uma terrível doença chamada bagunça. A bagunça cria situações terríveis: livros perdidos, objetos desaparecidos, cartas não respondidas, aniversários e casamentos esquecidos, contas não pagas. Quando a bagunça só machuca a gente, o sofrimento é suportável. É só a gente que sofre as consequências. Mas quando tem a ver com compromissos não atendidos, paira sempre a certeza, na cabeça de quem foi vítima, de que foi falta de atenção, grosseria. Eu poderia lhe indicar uma lista de livros com conselhos práticos do tipo " cada coisa em seu lugar, um lugar para cada coisa"; anote tudo numa agenda, etc. Mas eu lhe asseguro: esses conselhos são inúteis. Acho mesmo que bagunça é doença incurável.

Minha mãe fracassou como educadora. Ou eu fracassei como aprendiz. Enquanto eu morava na casa dela, ela lutou. Argumentou. Ficou brava. Inutilmente. Vez por outra eu me enchia de vergonha e de boas intenções e dizia: "Vou por tudo em ordem". As boas intenções duravam por poucos dias. Logo eu me via de novo afogado – isso mesmo, afogado; o bagunçado vive afogado por sua própria bagunça - esforçando-me por me manter à tona da confusão das minhas coisas.

Recebi, faz tempo, um presente de uma mulher que desconheço. Veio embrulhado em papel bonito. Abri. Era um quadrinho bordado a ponto de cruz. Está pendurado à minha frente: "Deus abençoe esta bagunça". Ela nunca havia entrado no meu escritório – mas é claro que ela suspeitava...

Bagunça de idéias não é coisa má. O inconsciente é uma bagunça infernal, idéias e imagens dançando o tempo todo numa orgia de desordem incontrolável. É dessa bagunça que nasce a literatura. Quem lê nem imagina! Vê as idéias organizadas, bonitinhas, uma atrás da outra. Não tem a mínima idéia do caos de onde nasceram. Para meu consolo Nietzsche dizia que o segredo da criatividade é ser rico em contradições. Os textos sagrados dizem que no princípio era o caos; foi do caos que nasceu a beleza. Com Deus, tudo bem, porque ele não se esquece de nada. Mas o problema é com a gente. Esquecemos – e com o esquecimento ferimos sem querer pessoas que amamos.

A psicanálise tem a mania de explicar todo esquecimento como ato de uma vontade inconsciente. A gente esquece porque, no fundo, "quis" esquecer. Quando o paciente se esquece da sessão de análise ou se esquece do que ia dizer, o psicanalista diz logo: "Aha! Se você esqueceu e porque queria esquecer!" Discordo. Nem tudo pode ser explicado psicanaliticamente. Como se sabe Freud era um fumador inveterado de charutos. Sandor Ferenczi, seu discípulo e colega, ficava incomodado com o hábito fedorento do mestre, e se punha a fazer interpretações psicanalíticas orais-fálicas do charuto, ao que Freud respondia: "Sandor, por vezes um charuto é só um charuto..."

Por vezes o esquecimento não esconde nem desatenção e nem grosseria: é apenas um resultado dessa doença que se chama bagunça.


Rubem Alves

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